Lampedusa. Ir e não chegar

€ 16,90

Ana França

Naquela noite sem lua, um barco com cerca de 500 pessoas zarpou da Líbia pelo Mediterrâneo rumo a um qualquer porto na Europa. Naquela noite sem lua, apareceram, ainda assim, outras luzes, de barcos de pesca e navios de resgate das autoridades italianas. Nenhuma se aproximou o suficiente para reparar que aquela traineira velha parada estava a afundar.

A bordo, entre as tentativas de pedir ajuda, o pânico fez a traineira virar. Naquela noite que até parecia tranquila, ao largo de Lampedusa, um grupo de amigos despedia-se do verão numa pequena embarcação quando começou a ouvir um som agudo e lamurioso como gritos de gaivotas. Mas não eram gaivotas.

Este livro conta a história da sucessão de eventos que levou ao naufrágio de 3 de Outubro de 2013 no Mediterrâneo, resultando em 366 mortes, o mais trágico na história da ilha siciliana que é o território europeu onde chegaram mais migrantes nos últimos 30 anos. Seguimos os passos de Solomon, um dos sobreviventes, e de Adal, que perdeu o irmão nesse dia, ao mesmo tempo que olhamos deste acidente para demasiados outros e deste recanto de Itália para toda a Europa.

«Começam a acordar-se uns aos outros e estoira a felicidade a bordo. Voam camisas e sapatos no ar, voam bonés e garrafas de água, as pessoas abraçam-se e gritam e suspiram e limpam as lágrimas para verem melhor o contorno de luz que o farol, com a sua intermitência previsível, vai derramando sobre a salvação tão próxima. Aparece um barco que lança uma luz forte lá de longe. Depois desaparece. Aparece outro, dá a volta à traineira e também desaparece. Sem motor para poder fazer frente à corrente, o barco começa a afastar-se da costa.

A montanha de terra que estava perfeitamente desenhada à sua frente, contornos discerníveis, limites precisos, começa a diminuir de tamanho no horizonte. Solomon não entra em pânico, alguém os viu, alguém virá. Mas um burburinho aflito levanta- se das vozes dos passageiros como o vento levanta as folhas secas antes de uma tempestade.»"

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Ana França

Naquela noite sem lua, um barco com cerca de 500 pessoas zarpou da Líbia pelo Mediterrâneo rumo a um qualquer porto na Europa. Naquela noite sem lua, apareceram, ainda assim, outras luzes, de barcos de pesca e navios de resgate das autoridades italianas. Nenhuma se aproximou o suficiente para reparar que aquela traineira velha parada estava a afundar.

A bordo, entre as tentativas de pedir ajuda, o pânico fez a traineira virar. Naquela noite que até parecia tranquila, ao largo de Lampedusa, um grupo de amigos despedia-se do verão numa pequena embarcação quando começou a ouvir um som agudo e lamurioso como gritos de gaivotas. Mas não eram gaivotas.

Este livro conta a história da sucessão de eventos que levou ao naufrágio de 3 de Outubro de 2013 no Mediterrâneo, resultando em 366 mortes, o mais trágico na história da ilha siciliana que é o território europeu onde chegaram mais migrantes nos últimos 30 anos. Seguimos os passos de Solomon, um dos sobreviventes, e de Adal, que perdeu o irmão nesse dia, ao mesmo tempo que olhamos deste acidente para demasiados outros e deste recanto de Itália para toda a Europa.

«Começam a acordar-se uns aos outros e estoira a felicidade a bordo. Voam camisas e sapatos no ar, voam bonés e garrafas de água, as pessoas abraçam-se e gritam e suspiram e limpam as lágrimas para verem melhor o contorno de luz que o farol, com a sua intermitência previsível, vai derramando sobre a salvação tão próxima. Aparece um barco que lança uma luz forte lá de longe. Depois desaparece. Aparece outro, dá a volta à traineira e também desaparece. Sem motor para poder fazer frente à corrente, o barco começa a afastar-se da costa.

A montanha de terra que estava perfeitamente desenhada à sua frente, contornos discerníveis, limites precisos, começa a diminuir de tamanho no horizonte. Solomon não entra em pânico, alguém os viu, alguém virá. Mas um burburinho aflito levanta- se das vozes dos passageiros como o vento levanta as folhas secas antes de uma tempestade.»"

Ana França

Naquela noite sem lua, um barco com cerca de 500 pessoas zarpou da Líbia pelo Mediterrâneo rumo a um qualquer porto na Europa. Naquela noite sem lua, apareceram, ainda assim, outras luzes, de barcos de pesca e navios de resgate das autoridades italianas. Nenhuma se aproximou o suficiente para reparar que aquela traineira velha parada estava a afundar.

A bordo, entre as tentativas de pedir ajuda, o pânico fez a traineira virar. Naquela noite que até parecia tranquila, ao largo de Lampedusa, um grupo de amigos despedia-se do verão numa pequena embarcação quando começou a ouvir um som agudo e lamurioso como gritos de gaivotas. Mas não eram gaivotas.

Este livro conta a história da sucessão de eventos que levou ao naufrágio de 3 de Outubro de 2013 no Mediterrâneo, resultando em 366 mortes, o mais trágico na história da ilha siciliana que é o território europeu onde chegaram mais migrantes nos últimos 30 anos. Seguimos os passos de Solomon, um dos sobreviventes, e de Adal, que perdeu o irmão nesse dia, ao mesmo tempo que olhamos deste acidente para demasiados outros e deste recanto de Itália para toda a Europa.

«Começam a acordar-se uns aos outros e estoira a felicidade a bordo. Voam camisas e sapatos no ar, voam bonés e garrafas de água, as pessoas abraçam-se e gritam e suspiram e limpam as lágrimas para verem melhor o contorno de luz que o farol, com a sua intermitência previsível, vai derramando sobre a salvação tão próxima. Aparece um barco que lança uma luz forte lá de longe. Depois desaparece. Aparece outro, dá a volta à traineira e também desaparece. Sem motor para poder fazer frente à corrente, o barco começa a afastar-se da costa.

A montanha de terra que estava perfeitamente desenhada à sua frente, contornos discerníveis, limites precisos, começa a diminuir de tamanho no horizonte. Solomon não entra em pânico, alguém os viu, alguém virá. Mas um burburinho aflito levanta- se das vozes dos passageiros como o vento levanta as folhas secas antes de uma tempestade.»"

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